Aspectos da modernização da raça Fila Brasileiro, em comparação aos originais da raça.
Padrão Atual
da raça Fila Brasileiro, considerado ideal para a raça, conforme premiações
mais freqüentes em exposições.
Aspecto Geral.
Figura compacta,
demonstrando maior força concentrada que seus ancestrais originais. Pernas
relativamente curtas, se comparadas com o comprimento das costelas, dando maior
concentração de força, e ocasionando maior massa corporal em geral. Aparenta
angulação escápulo/humeral menor que 90 gráus, o que resulta em aspecto mais
rebaixado do conjunto dianteiro, com estrutura menos elevada que seus
ancestrais originais. Todo o conjunto foi orientado ao longo de gerações de
seleção, para maior concentração de força, o que ocasiona perda de agilidade e
velocidade, assim como da capacidade de cobrir grandes espaços geográficos, com
o menor esforço. Toda a seleção do Moderno Fila Brasileiro, é orientada para a
vida na urbanidade. Seus ossos são mais curtos que os ossos do OFB, desde os
pés, às pernas, porém tendo os ossos das costelas mais longos, com objetivo de
acrescentar aspecto de peso concentrado. Coerentemente com a proposta de se
criar uma aparência mais “impressionante”, para os cães urbanizados,
acrescentou-se lhe maior incidência de pele solta, sob pressão seletiva, o que
também vem a ocasionar maior aspecto de peso ao conjunto.
Aspecto Geral.
O cão de Fila Original, é um cão descendente direto
dos antigos cães de trabalho, preservado nas fazendas de Minas Gerais. Portanto
é orientação, para a preservação de sua originalidade, que se preserve sua
morfologia, considerando-se as fotografias das primeiras décadas do
“descobrimento” da raça pela cinofilia oficial (1940,1950,1960). Seu aspecto
geral deve apresentar harmonia e equilíbrio funcional, sendo um animal
morfologicamente capaz de trabalhar em grandes espaços, portanto capaz de
realizar grandes jornadas diariamente, sem demonstrar fadiga. Paralelamente a
esta capacidade, deve ser um animal forte, do tipo molossoide, apresentando cabeça
de massa craniana compatível com a classe a que pertence. No entanto, cabe
ressaltar que não se justifica exageros, devendo a cabeça estar em harmonia com
o corpo. Para o exercício de suas funções, em razão de séculos de seleção pelo
trabalho no campo, o ORIGINAL reúne as melhores condições de harmonia entre
capacidade de cobrir grandes terrenos, força e agilidade. As angulações em
geral – do trem dianteiro e do trem traseiro – são mais abertas que nos
Modernos, apresentando ossos mais longos.
Qualquer sobrepeso poderá comprometer sua capacidade de trabalho, razão
pela qual jamais se fotografou um cão desta raça, com os excessos apresentados
pelos cães modernos, estes, produtos da urbanização. Jamais estes cães
apresentaram pernas curtas, relativamente ao comprimento das costelas. Todo o
aspecto morfológico é equilibrado, desde a abertura das costelas, o comprimento
das pernas, o volume toráxico, a poderosa ossatura, e os dedos e almofada
plantar extraordinários, tudo pela funcionalidade. Portanto, o conceito de
beleza, para o original, não se aplica para o moderno – ou vice versa – já que
as funções são diversas.
Cabeça.
À esquerda, perfil de um Fila Moderno, e à direita, desenho em perfil
de cabeça de Fila Original, com as proporções corretas para a raça.
No Fila Moderno, a
profundidade do focinho é nitidamente maior que o comprimento do osso nasal. O
lábio superior desce contínuo até à base. Permanece a relação crânio/focinho no
sentido do comprimento proximamente o mesmo. As orelhas tendem à postura mais
baixa, com possibilidade de postura bem abaixo da linha dos olhos, em alguns
casos admitindo-se muito mais abaixo, ultrapassando com folga a linha da base
dos lábios. Esta característica moderna, pretende dar à estética do cão, a
aparência com o Bloodhound, embora com o crânio mais volumoso. Abomina-se as
orelhas em rosa.
No Original Fila
Brasileiro, a profundidade do focinho coincide com a orientação de Santos Cruz.
O lábio superior desce desde a trufa proximamente reto, seguindo paralelo ao osso
nasal até à base. A relação crânio/focinho no sentido comprimento é harmoniosa,
com ligeira vantagem para o crânio, oferecendo assim poderosa pressão na
mordida. A base das orelhas se posiciona na linha imaginária traçada desde a
trufa até aos olhos. Seu formato é triangular a partir da primeira dobra posterior
(orelhas de molosso), podendo-se admitir as orelhas em rosa.
Comparando-se
desenho idealizado por PSC, com cães de padrão atualizado, nota-se nitidamente
que o perfil da raça FB foi alterado, especialmente pelo aumento da rima
labial. Assim e expressão tornou-se mais “carregada”, o que até à década de
1980 era considerado sinal de mestiçagem. Atualmente a expressão é considerada
sinal de evolução racial.
TRONCO.
No Fila Moderno, o pescoço
é espesso, encorpado e encaixado no tronco de forma que traça uma linha pouco
inclinada com relação ao solo, por conseqüência de um antepeito pouco
proeminente e baixo. Todo o conjunto do tronco, desde as posições das
articulações até à formação dos músculos, obedecem a uma diretriz de peso (
grande massa corpórea) e frouxidão articular, de forma que cria a aparência de
força e lentidão, embora se saiba que estes cães possam surpreender com alguma
agilidade, em espaços pequenos.
No Original Fila Brasileiro,
a junção crânio/pescoço ocorre com cobertura muscular vigorosa, formando uma
linha de contorno do pescoço levemente convexa, até ao ponto de junção com a
cernelha. O pescoço é muito musculoso e pouco encorpado, oferecendo condição de
muita força com peso regular.
Há uma tendência nos cães modernos,
devido à necessidade de equilíbrio diante de sobrepeso corporal, de apoiarem os
cotovelos nas costelas. O que não ocorre nos antigos.
Acima à esquerda,
detalhe com representação óssea das angulações em um Fila Brasileiro atual
considerado ideal, e à direita representação em desenho do Boletim O Fila
número 15, de Fevereiro de 1980, por orientação de Paulo Santos Cruz (Boletin
CAFIB).
A angulação mais
fechada como à esquerda, difere do desenho, onde se vê a angulação considerada
ideal por Santos Cruz.
Estudos modernos
demonstram ser mais vantagem, para uma movimentação em grandes espaços,
angulações maiores: grandes passadas.
Em tempo algum os
Filas tiveram as pernas como os atuais FB. Sempre pudemos ver cães com grandes
pernas, sobre poderosas ossaturas. Mesmo cães idosos (esquerda), não
apresentavam porte rebaixado. Todas as angulações concorriam para grandes
passadas, sejam as angulações dianteiras ou as traseiras. Um ísquio longo,
sobre pernas grandes, permitiam angulações capazes de impulsionar o cão sem
grande esforço. Um anterior forte, mas sem acarretar uma carga de peso
prejudicial, permitiam ao cão caminhar com leveza, ajudando nos impulsos.
Este é Fila que
queremos preservar, e precisamos fazê-lo, pois como estamos empenhados a
provar, está sendo colocado à extinção pela modernidade.
Observe-se as posições dos ombros,
para as angulações, nos desenhos à esquerda do Fila Moderno, ao centro do ideal
de Santos Cruz (Boletim CAFIB), e compare-se com a foto. Pode-se depreender
facilmente que a fotografia é condizente com uma angulação ampla, para o trem
dianteiro.
O mesmo pode-se observar para um cão
Original (direita), registrado pelo Núcleo de Preservação do Original Fila
Brasileiro.
Observe-se o tamanho dos pés dos cães
acima representados. Observe-se a distância dos dedos até a ponta do
“calcanhar”, de cada fotografia de cada cão.
Pés mais curtos, propulsão menor,
passos menores, menor alcance de terreno. Maior o terreno, maior a distância a
se cobrir, então é maior o esgotamento. Simplesmente o cão terá que dar mais
passos por km coberto.
Os cães de pernas grandes e fortes,
“navegam” facilmente sem grande esforço, por qualquer tipo de terreno.
Vamos
preferir sempre cães de porte elevado! Assim eles foram feitos pelo trabalho no
campo.
As fotografias e desenhos que não são de propriedade do autor, foram obtidas na internet, com exclusiva finalidade didática e de pesquisa.
Fonte: Wikipedia