Alterações
na raça Fila Brasileiro
A cor do Fila – Fila Brasileiro branco.
A cor do Fila – Fila Brasileiro branco.
Neste
tópico vamos adentrar um tema menos controverso e polêmico que o caso do Fila
Preto, o Fila Branco, ou com grandes partes do corpo em branco.
Podemos
começar por definir o que se deseja em um Original Fila Brasileiro, enquanto
animal típico, independente de qualquer pelagem.
Bimba de Parnapuan
(Netuno de Parnapuan X Lupe Von Cadys e Cadys).
Muito
diferente dos cães atuais, e condizente com o padrão traçado desde 1951 e
confirmado em 1978, a profundidade dos lábios não ultrapassa o comprimento do
focinho. Invariavelmente, cães deste período da história do FB, possuem esta
característica. Afinal, foram eles que inspiraram o texto do padrão.
Cão
fotografado em uma exposição especializada da raça Fila Brasileiro, nos idos de
1960 Fonte: O Grande Livro do Fila Brasileiro, de Procópio do Vale.
Detalhe,
no caso acima, é que o animal apresenta marcações pretas sobre o branco, embora
sua morfologia e tipicidade não seja diferente dos demais FB da época. O que
resultaria da cruza deste animal, com fêmeas amarelas ou tigradas? Seria
aceitável esta pelagem, para o OFB?
O cão Galã, fazenda de
Juca Luizinho, Malacaxeta, MG, com Daniel Rios de Magalhães Borges, 1978. Foto
do autor.
Cão
de criação tradicional, com origem aproximada no ano de 1940, com a mesma
família. Nesta linhagem haviam muitos cães com grandes marcações brancas,
embora nenhum inteiramente branco. Observe-se a cabeça forte e o focinho de
pouca rima labial. Grande ossatura, porte elevado, sem qualquer excesso de
pele.
Foto de 1980, Daniel
Com a fêmea Lôba II, da criação de Juca de Luizinho, filha de Galã (acima). A
mãe também possuía marcação branca. Observe
a excelente cabeça.
Fotografia da década de
1990, Viçosa MG, do autor.
O
cão acima descendia de cães enviados de Malacaxeta, MG, para Viçosa, MG.
Observe-se na imagem acima, ainda a mesma morfologia dos antigos, assim como os lábios bem “curtos”, em uma cabeça molossóde. É importante que se observe cães malhados de branco, em fotografias atuais, em sua maioria, fora do padrão antigo.
Observe-se na imagem acima, ainda a mesma morfologia dos antigos, assim como os lábios bem “curtos”, em uma cabeça molossóde. É importante que se observe cães malhados de branco, em fotografias atuais, em sua maioria, fora do padrão antigo.
Cão fotografado pelo autor,
Teófilo Otoni, MG, década de 1980.
É
muito importante que se observe o tipo morfológico, cabeça e focinho. O animal
é de padrão original. Mas devemos nos perguntar, se é o caso de se registrar um
animal destes, com tanto branco. Quais os riscos poderíamos estar trazendo para
um trabalho iniciante, como surdês e sensibilidade da pele à luz. Estes
problemas ocorrem em diversas raças caninas que aceitaram o branco como norma.
Fotografia oferecida
por Alberto Jorge, Canil Cangaço, Brasilia, DF.
Observa-se
neste caso, belo animal, típico, de forte ossatura no focinho, sem apresentar
lábios grandes como nos cães modernos. Nota-se uma pigmentação tricolor, com o
branco ao fundo em grande proporção, porém com a cor superior da pele dourada,
com partes pretas no focinho, embora não toda a boca preta. O rosado no
focinho, próximo da trufa, seria um sinal de despigmentação? Uma fragilidade da
pele?
Acima a fêmea Guaxi de
Tangará Açu, campeoníssima na década de 1980, SP.
Nos
níveis de branco apresentados pela fêmea acima, ocupando cerca de um terço do
corpo, o padrão original admite perfeitamente, desde que obviamente o animal
apresente as características desta fêmea, do ponto de vista racial. Observe-se
a forte ossatura, em contrapartida com o focinho “leve”, em função de pouco
lábio superior. Para nós, uma característica desejável.
Neste
tópico, desejamos provocar outra reflexão importante, sobre a questão da cor no
Original Fila Brasileiro. Seja de pelagem preta, branca, malhada, é importante
mais que a questão da pigmentação, que se observe o tipo original. Não
afirmaremos o padrão, fixando seu tipo morfológico como animal de trabalho, se
nos detivermos demasiadamente em selecionar cores. Ou rejeitar cores, por
princípio.
Devemos
rejeitar aquilo que for moderno, que apresentar excesso de massa corporal,
excesso de couro, excesso de lábios, orelhas de bracóides, pernas curtas, porte
rebaixado, e enfim tudo que comprometa uma boa e saudável morfologia.