HISTÓRIA - 2

Durante quase 10 anos, morando na cidade de Teófilo Otoni, Minas Gerais, criamos sob orientação do CAFIB, do qual fui representante até 1985 aproximadamente. Foi um período de muitas ninhadas, muita experiência, muito aprendizado, porém poucos resultados em termos da qualidade que eu buscava para a criação.
Neste período convivi com pessoas dedicadas ao Fila, em busca de sua preservação na concepção original, e tive o prazer de ajudar ao pessoal do CAFIB no rastreamento de criações pelo interior da região Nordeste de Minas Gerais.
Eu mesmo encontrei criatórios de Fila Original no seu habitat, porém por falta de experiência com a raça, não os preservei devidamente, acasalando com animais “de fora” vindo de criatórios de outras regiões, de origem e características diferentes.
Foi um aprendizado que tive, e posteriormente ao descobrir mais alguns criatórios no interior, optei por não “bulir” com eles, deixando a cargo dos fazendeiros sua preservação, com seu jeito próprio de criar. Afinal foram eles que preservaram o Fila ao longo dos séculos.

Contribuindo com o CAFIB

Realizando RI nas fazendas. Com o pessoal do CAFIB, Frei Inocencio, 1978.
Gala e Loba – demonstracao de trabalho em curral – Teofilo Otoni-MG 1979.
Gala esquivando-se dos chifres. Observe-se a compleicao deste exemplar boiadeiro.
Gala dominando o boi – Teofilo Otoni-MG.
Não tendo avançado como queria na qualidade da criação, eu procurava insistentemente uma forma de acertar melhor.
Em 1984 fui agraciado com o Adros do Vale de Bragança, cão com origem inteiramente na linhas de sangue antigas do canil ABC de São Paulo; foi meu primeiro cão com pedigree do Brasil Kennel Clube (BCK). Ganhador de inúmeras exposições no CAFIB, destacava-se pelo temperamento fortíssimo e era muito admirado por todos. Agradeço ao pessoal do CAFIB ter intermediado sua doação para mim. Seu proprietário, Beni Algranti, enviou-me o Adros em um grande caixote por avião, e após mais de 10 dias de peleja ele se dignou a alimentar comigo.
Um recorde, já que muitos haviam tentado domá-lo nos últimos 18 meses que o senhor Beni mudara-se para um apartamento. Fui o único a conquistá-lo inteiramente, além do senhor Beni.
Passei a me interessar por linhagens de origem mais antiga com pedigree da BCK. Em 1987 recebi a cadela oriunda da extinta linhagem Amazonas, Figura do Travessão.


Foi então que, após mais de 10 anos de tentativas mais ou menos frustradas (eu obtinha sempre ótimas colocações nas exposições em que participava, mas sentia que faltava alguma coisa na criação), em 03/10/87 nasceram os cães Ouro do Caramonã e Opala do Caramonã.

HISTÓRIA - 3

Ouro do Caramona
Opala do Caramonan
Opala premiada em exposicao do Kennel Clube em Belo Horizonte – 1993 – Melhor da Raca.
Opala do Caramonan com meu pai Antonio Machado Borges, Fazenda Santa Cruz.
Um ano depois nasceria o formidável Poguaçú do Caramonã (17/05/88) e seus irmãos Piatã e Piaçú. O Poguaçu herdara o temperamento do pai, e igualmente é lembrado ainda hoje como insuperável por todos que o conheceram.
Poguacu do Caramonan na Fazenda Santa Cruz.
Cabeca do Poguacu do Caramonan em idade adulta.
Piacu do Caramona com meu filho Daniel na fazenda Santa Cruz.
A partir deste momento dei início a uma jornada de sucesso, não só nas pistas de exposições, mas principalmente na formação de inúmeros criatórios novos e recuperação de outros mais tradicionais.
As bases genéticas Caramonã estão presentes em dezenas de criatórios que atuam na preservação do que denominei no meu livro “Cão Fila Brasileiro – Preservação do Original” – de Fila de Padrão Original.
Em 1990 fui convidado por amigos e criadores tradicionais do então desativado Clube Mineiro dos Criadores do Fila Brasileiro (CMCFB), para a reativação da entidade, do qual cheguei a ser presidente e guardo ainda hoje comigo livros, arquivos e muitos documentos. Foi mais um período de aprendizado e amizades, um momento virtuoso para o Fila em Belo Horizonte, sob os princípios da ética de criação que sempre prevaleceu no Clube Mineiro.
O CMCFB, após alguns anos de funcionamento, encerrou suas atividades, porém deixou um saldo extremamente positivo para o Fila em Minas Gerais. O plantel resultante de criadores tradicionais de Minas, com a linhagem Caramonã, veio a resgatar o padrão tradicional quase em extinção, renovando genéticas muito consangüíneas e contribuindo para novo vigor nos planteis, com conseqüente aumento no número de exemplares.
Touro do Caramonan com Carlos Barreira e Milton Cheib -1994
Nesta fase do Clube Mineiro, fui procurado por dois criadores tradicionais, remanescentes de criatórios mais antigos de Belo Horizonte, os quais eu tive a satisfação de atender prontamente, e que ainda preservam as bases dos acasalamentos que realizamos com nossos cães.
O criador Alírio Soares, do canil do Engenho, foi até a cidade de Governador Valadares com a cadela Honda do Engenho e escolheu para a cobertura o nosso cão Ouro do Caramonã em 1992.
Posteriormente, entusiasmado com o resultado, buscou o cão Touro do Caramonã, bases genéticas que preserva até hoje na maioria dos pedigrees “Engenho”. Tornando-se um entusiasta da linhagem Caramonã, buscou ainda na linhagem Fazenda Mundeo, com o amigo Guilherme, cães com forte origem Caramonã, provenientes da linhagem São José da Lapa.
Também o criador Cristóvão Giancolti do canil Tabayara, foi nesta época em Governador Valadares com a cadela Tucaia da Jaguara, presente de Mr. Chalmers e escolheu o Paguaçú do Caramonã para padreador.

HISTÓRIA - 4

Foto do Pungirum

Pungirum do Caramonan
Imbé serras de Minas
( Filha de Pungirum X Saba das Serras de Minas), numa demonstração de alto poder de transmição hereditária.
Filhotes da Ronda do Arugua x Pungirum do Caramonan
À esquerda o Teo Hudson (Canil Aruguá) , o autor (Canil Caramonã), Guilherme Trindade Reis(Canil Faz. Mundeo) e Geraldo Barbosa (Canil Tripui) A homogeneidade é uma marca.
Logo abaixo, alguns filhotes já adulto

Um pouco da genealogia Caramonã !

Estaremos agora resgatando o histórico genealógico Caramonã , em um demonstrativo geral de todo plantel. Desta forma, esperamos poder facilitar a todos que queiram criar programas de acasalamentos e seleção com nossas bases genéticas, evitando-se o excesso de consangüinidade, mas também identificando-se através dos exemplares de maior destaque, as bases de maior força e influencia na qualidade.
Em primeiro lugar vamos disponibilizar a genealogia dos principais cães que constituem nosso plantel até os dias atuais, desde as bases, com introdução de tempos em tempos de genéticas “de fora” que garantem o vigor do plantel.

HISTÓRIA - 5

Plantel

AS NOSSAS BASES GENÉTICAS

Adros do Vale de Bragança (nascimento: 05/03/79)
Adros do Vale de Braganca
Seu pedigree remonta aproximadamente à década de 1950, com base nos primórdios do canil ABC, de São Paulo. Seus ancestrais na 5ª geração são todos desta origem. Da 4ª geração em diante, os ancestrais constam em outros criatórios, sem qualquer introdução de novos indivíduos de outras origens.
Características – ótima tipicidade, confirmada em diversas exposições, conforme súmulas do CAFIB e da BKC. Possuía “tórax em barril”, o que lhe conferiu o apelido de “Arcos” dado pelo seu primeiro dono, senhor Beni Algranti. Ainda hoje nota-se na linhagem Caramonã uma presença desta característica em alguns exemplares.
O que mais o caracterizava era uma absoluta “ojeriza a estranhos”, conjugada com um temperamento temerário, indomável. Além dos familiares do Sr. Beni, somente eu e um único caseiro de canil que tive, puderam desfrutar de sua amizade. Recebi-o com cerca de quatro anos de idade e convivi com ele por mais quatro, quando veio a morrer.
Adros do Vale de Braganca – exposicao em Governador Valadares na decada de 1980.
Figura do Travessão (nascimento: 29/10/77)
Figura do Travessao. De coloracao amarela levemente “queimada”.
Sua origem mais remota vai também aos idos de 1950 aproximadamente. O canil Travessão teve sua formação no canil Piraí, no estado do Rio de Janeiro, o qual se formou pelas bases Amazonas (Luiz Hermany Filho) e Parnapuam (Paulo Santos Cruz).
O canil Amazonas teve sua formação também sob os conselhos de Paulo Santos Cruz, a partir de cães buscados no interior.
Características – a figura se destacava por suas características exteriores, de extrema harmonia de linhas e beleza visual, com seu grande couro solto e belíssimas barbelas que lhe davam um “ar” de nobreza racial.
Apresenta muita “ojeriza a estranhos”, porém era calma e segura, de baixa excitabilidade e elevada coragem, surpreendendo por vezes pessoas que a julgavam pacata e se aproximavam perigosamente. Seu ponto forte na criação foi a transmissão aos descendentes da beleza estrutural, do grande couro solto e da nobreza do temperamento, sendo calma, serena, superior e brava a um só tempo. Recebi-a com avançada idade, tendo no entanto obtido dela duas ninhadas.
Figura do Travessao com o tratador Joao.
Athenas de Dom Pedrito (nascimento: 30/01/80)
Cabeca da Athenas de Dom Pedrito.
Esta cadela também vem das mesmas origens do canil Travessão, com bases Amazonas, sendo Filha da Figura com o Bingo do Travessão, o qual vinha de Guru do ABC com a famosa Dafne do Amazonas, de cuja ninhada eu havia conhecido em Belo Horizonte na década de 1970, a cadela Dinha do Amazonas, então de propriedade do canil Paraibuna, do coronel Verlangieri.
Lembro-me que certa vez o criador Cristóvão Giancoti (canil Tabayara) me comentara da sua beleza. Realmente com esta cadela eu ficara impressionado à época, e quando soube realmente da parte do senhor Francisco Vila (canil Dom Pedrito), na década de 1980, da existência da Athenas, não descansei enquanto não a tive comigo. Com endereço indicado pelo Sr. Francisco, fui buscá-la em uma fazenda próxima a Governador Valadares, já com seus 9 anos de idade em 1989. Reproduziu com dificuldade, mas compensou o esforço.
Características – possuía características exteriores muito semelhantes às da Figura, com grande couro solto e belíssimas barbelas. Parecia-se muito com a Dinha. Era de uma pelagem cinza de rara beleza.
Seu temperamento era muito forte, embora também como a Figura, não fosse de latir. Apesar da idade, ao chegar à nossa fazenda, assim que me aceitou, soltei-a um dia e levei-a ao curral. Neste dia ela me deu uma demonstração de trabalho que só lamento não ter podido documentar. Silenciosa, fazia a “apartação” e “segurava” novilhas com impressionante coragem e precisão. Da Athenas aproveitei o Uirapuru (1991), filho do Poguaçú do Caramonã e também a Raposa (1989), filha do Ouro do Caramonã.
O Uirapuru – dado de presente a um amigo de Teófilo Otoni – era baio acinzentado como Athenas, com imperceptíveis traços tigrados na cabeça. Acasalado com a Raposa, gerou a Juma do Caramonã de pelagem tigrada.
No início da década de 2000 passei a trabalhar para resgatar as origens da Athenas, como demonstrarei.
Athenas com meu filho Daniel.
Uirapuru do Caramonan – grande porte e ossatura.

Algumas estratégias para evitar a consangüinidade.

Conde dos Torres do Rio Bonito e Brena Solar Carrara.

Assim que obtive os irmãos Ouro e Opala e de outra ninhada o Poguaçú do Caramonã, surgiu a preocupação com a continuidade da criação sem os riscos de consangüinidade, pois eu não poderia acasalar irmãos de pai e mãe (irmãos inteiros).
Eu havia recebido a visita em Teófilo Otoni da criadora Dona Marli Borsato em companhia de quem depois se tornou um amigo, o Flávio Carvalho, de Goiânia. Dona Marli é conhecedora exímia do Fila Original, conviveu com um plantel de inteira origem Parnapuan no passado, e estava com a cadela Oncinha para cruzar.
Atravessou o trecho do país desde Goiânia até Teófilo Otoni, somente para realizar o acasalamento da Oncinha com o Adros. Infelizmente, já velha, a Oncinha veio a morrer antes de parir. Dois anos depois, o Flávio reconhecendo em Goiânia o Conde (filho da oncinha) como remanescente raro da criação da Dona Marli, ficaria ansioso por falta de fêmeas à altura na época, despachou-o de avião para mim. Fui buscá-lo em Belo Horizonte de carro. Com ele veio a Brena, ambos tigrados, ela terrivelmente brava.
Conde dos Torres do Rio Bonito. Observe-se a cabeca periforme.
Brena Solar Carrara.
Brena Solar Carrara na Fazenda Santa Cruz.

HISTÓRIA - 6

Do Conde com a Opala nasceu uma ninhada linda.
Alguns filhotes seguiram para Goiânia e eu fiquei com duas fêmeas e dei outras duas a amigos. As minhas morreram de erliquiose, que na época eu não soube tratar. Mais de um ano depois apareceu na minha casa um filho de um amigo com uma cadela pequena, linda. Verifiquei a resenha dos filhotes no formulário de verificação de ninhadas guardado em casa e constatei que seu nome seria “Sabará do Caramonã”, filha da Opala do Caramonã com o Conde das Torres do Rio Bonito.
Realizando um retro-cruzamento da Sabará com o Poguaçú do Caramonã, obtivemos um extraordinário resultado. Desta ninhada Touro do Caramonã tornou-se um dos maiores padreadores da raça Fila em Minas Gerais, originando diversas linhagens. Seu irmão Tupá do Caramonã fundou a linhagem São José da Lapa e também originou diversos criatórios em Minas, São Paulo e Bahia, além de outros na Europa e Estados Unidos.
Quanto á Brena, não aproveitamos da sua carga genética. Logo que chegou a Teófilo Otoni foi acasalada com o Poguaçú do Caramonã e deu cria a três filhotes tigrados, dos quais dois sobreviveram. Eu estava reservando um destes para a nossa criação quando recebi a visita em nosso canil, da Dona Marília Pentagna do canil Boa Sorte, do estado do Rio de Janeiro. Os filhotes estavam com dois meses de idade.
Dona Marília buscava um reprodutor que apresentasse temperamento forte. Provocou um dos filhotes para testá-lo e recebeu uma reação imediata e pronta de um filhote de guarda. Escolheu o filhote que eu reservara para mim, mas que cedi a ela com prazer. Os dois havia se entendido.
Seu nome era Titã Torres do Rio Bonito. Deste cão resultou um dos mais consagrados reprodutores do CAFIB, Oleiro da Boa Sorte (Titã Torres do Rio Bonito x Inalgittip). Do Titã veio também a bela cadela Pilar da Boa Sorte, ganhadora de inúmeros prêmios. A Brena veio a morrer logo a seguir, de torção estomacal.
Não fiquei com nenhum filho seu, mas a satisfação de servir à Dona Marília me bastou! No criatório Boa Sorte o Titã inaugurou um novo tempo. O irmão do Titã que ficou da ninhada foi para um iniciante criador da Bahia, tendo morrido antes de completar um ano de idade.

Alguns destaques.

Alguns cães da linhagem Caramonã merecem um destaque especial em razão do que representaram para o resgate da raça em Belo Horizonte e outras regiões do Estado e até outros estados.
Entre estes podemos citar o Touro, o Tupã, a Areta, e posteriormente a bela Jandaia de São José da Lapa. Desta vim a receber a fêmea Champanhe da Fazenda Mundeo, que proporcionou uma recuperação da minha criação em um momento difícil desta.
Os irmãos Touro e Tupá do Caramonã
Touro do Caramonan

Tupa do Caramonan

HISTÓRIA - 7

Ao nascerem os filhotes da pequena Sabará, única sobrevivente do acasalamento da Opala com o Conde das Torres do Rio Bonito, logo se viu a excepcional qualidade da ninhada.
Avisei a amigos do Clube Mineiro – em reativação – para o fato. O amigo Paulo Augusto M. Moura optou pela Tarumã, ficando o Touro com o amigo Carlos Barreira e o Tupá com Olegário Bretas que na época desejava iniciar um canil sob a supervisão e assessoria do expert Paulo Augusto. Não poderia ser mais oportuna a chegada destes animais a Belo Horizonte. O touro foi solicitado para resgate de criações tradicionais e início de outras.
O Olegário Bretas deu início ao São José da Lapa com o Tupá do Caramonã. Depois oportunizando um acasalamento feito por mim entre o Touro do Caramonã X Opala do Caramonã, tendo adquirido a Areta do Caramonã (1993), irmã da Apoema que posteriormente vim a utilizar.
Areta era uma cadela excepcional e foi coberta pelo Tupá do Caramonã, gerando a também maravilhosa Jandaia de São José da Lapa (1995), adquirida pelo então jovem estudante e amigo nosso, Guilherme Trindade Reis que veio a fundar o Canil Fazenda Mundeo.
A cada três gerações é importante introduzir novos elementos genéticos, evitando-se os prejuízos que a consangüinidade pode causar.
Por esta época (1995), eu estava com poucos cães, todos já novamente consangüíneos, pois os únicos “refrescamentos” de sangue até então havia sido o Conde das Torres do Rio Bonito e a Honda do Engenho, cuja filha que me coubera do cruzamento, a Imagem do Engenho, morrera após o 1° parto e eu não sabia do paradeiro dos filhotes, pois eles haviam sido encaminhados a diversas pessoas pelo amigo José Luiz Cortes, dono da Imagem.
Iniciei uma busca de novas linhagens para introduzir na criação Caramonã antes que a consangüinidade viesse a ocasionar prejuízos a esta genética. Foi quando me lembrei dos cães cuja linhagem registrei com o nome de Porto Alegre.
Fui em busca destes cães na fazenda onde os conhecera.

Em 1998, de um cruzamento da fêmea Luma de Porto Alegre (Rambo de Porto Alegre x Princesa de Porto Alegre) autêntica boiadeira, obtive o Batã do Caramonã, filho do Zabelê do Caramonã. Registrei em nome do meu canil, pois na época o Totó (proprietário da fazenda Porto Alegre) havia falecido recentemente, fato que gerou a quase extinção da linhagem Porto Alegre.
Luma de Porto Alegre e seus filhotes com Zabele.

Zabele do Caramonan com meu filho Daniel.

A linhagem Porto Alegre
Femea da linhagem Porto Alegre – propriedade do fazendeiro João Ferreira, Corrego Catule, Jampruca, MG. final da decada de 80.

Femea de linhagem Porto Alegre X Caramonan – observe-se a cabeca periforme. 2007. Esta tambem um dos filhotes de Pungirum do Caramonan X Ronda do Arugua.

Eram cães rústicos, muitos deles abuldogados, criados há décadas para a lida com o gado nelore, selecionados para trabalho.
O Batã sendo 50% das bases puras Caramonã, com saúde (vigor hibrido de linhagens) e seus instintos de trabalho, veio a contribuir muito com a criação, especialmente quando recebi a fêmea Champanhe da Fazenda Mundeo, um presente carinhoso dos amigos da diretoria do Unifila Paulo Augusto, Guilherme, Wagner Resende (canil Acangussu), Geraldo Barbosa e Jerfferson, num momento em que eu sacrificara a Opala e Ágata do Caramonã em decorrência da leishmaniose.
Opala e Agata do caramonan em exposicao em Belo Horizonte com o tratador Maurinho.

Dele tivemos uma ninhada com a Champanhe (apelidada por nós de Caiçara), da qual obtivemos a Era do Caramonã, o Erati do Caramonã que foi ficar com o Teo Hudson (canil Aruguá) que preserva até hoje as bases genéticas Caramonã x Porto Alegre.
Também o Erussu cuja imagem se transformou em selo oficial na Finlândia, tal a sua beleza. Seu proprietário Mark Nurminem (canil Higienópolis), nos enviou um cartão postal, expressando a sua satisfação. Foto Cartão postal.
Era do Caramonan

Filhotes Erussu do Caramonan e Era do Caramonan.

Em um momento de recuperação da linhagem, é pertinente falar da Champanhe e do papel que a mesma desempenhou.

Champanhe da Fazenda Mundeo

Champanhe da fazenda Mundeo.
A Champanhe chegou para o canil Caramonã em 1999, quando eu estava sem fêmeas reprodutoras. Foi, portanto um presente de amigos que reconheciam a importância – além da amizade – do meu trabalho com a raça Fila.
Era um filhote maravilhoso e de ossatura extrema, o que me levou a escolhê-la entre os irmãos, pois representava um dos itens que se destaca na criação Caramonã, como uma marca especial.
A champanhe, a quem denominamos de Caiçara, apresentava algumas características no entanto que eu não identificava como exatamente da sua origem Caramonã. Temeroso de que seus descendentes pudessem herdar lábios superiores muito grandes( defeito grave que nunca observamos na nossa linhagem), programei para ela acasalamentos que pudessem, digamos, limpar a expressão estranha no Caramonã.
A primeira cruza da Champanhe foi com o Batã do Caramonã, Fila puro de fazenda com puro Caramonã ( Zabelê x Luma de Porto Alegre).
Logo a seguir, com objetivo de resgatar a origem pura da linhagem, descobri onde se encontrava o Bhight do Caramonã (Zabelê do Caramonã x Imagem do Engenho). Com esta cruza, estando Bhight já bastante doente, nasceu um único filhote: Pungirum do Caramonã, incontestável maior expoente nas exposições do Unifila enquanto viveu, ganhador absoluto de todas as exposições que participou, com melhor da raça, melhor cabeça e melhor da exposição, durante quatro anos.

Possuía um temperamento formidável. Era capaz de deitar calmamente na pista durante a exposição, ou “escavar” terra, desafiando a tudo e a todos. Ao perceber qualquer aproximação diretamente na sua direção, sua expressão tornava-se imediatamente grave, sem no entanto emitir sequer um rosnado. Desafiado, tornava-se realmente bravo, demonstrando um ímpeto que me lembrava o Adros e o Poguaçu.
Bright do Caramonan, ao ser resgatado em uma fazenda, tomado de carrapatos.

Neste ponto, iniciamos uma fase da criação (a partir de 1990) que gerou o plantel que temos hoje, como será demonstrado.
A seguir apresentamos uma seqüência de gerações de reprodutores e matrizes de destaque da linhagem.
Observe-se a transmissão dos caracteres raciais, especialmente do Adros para o Poguaçu, e deste para o Zabelê. Na geração Bright, já entra a influencia Jaguara.
Gerações: 1 – Adros; 2 – Poguaçu; 3 – Zabelê; 4 – Bright; 5 – Pungirum.
Caracteres raciais e da linhagem são mantidos durante 5 gerações.