Reciclagem 2

Fomos alvo de uma crítica que coloca uma fotografia – estilizada-  de um cão, que segundo os que denominamos de “críticos da obra feita”, estaria sendo usada para representar um típico OFB, mas para o crítico, este cão seria um mestiço de boxer.
 Procurando saber que cão seria este, recebi algumas fotografias dele.
A seguir, como venho prometendo de comparar cães atuais com fotografias de cães antigos, coloquei a fotografia do mesmo animal, em comparação à fotografia de uma fêmea de 1955, de importante criação à época de Fila Brasileiro, diga-se puros de origem: a criação Paraitinga. A criação sempre foi muito referendada, tanto que forneceu os cães para a filmagem do clássico “Sinhá Moça”, de 1952. Portanto, acima de qualquer suspeita.
Acima, Chita de Paraitinga, 1955, fotografia do livro “Fila Brasileiro-Presente das Estrelas, Paulo Roberto Godinho – todos os direitos garantidos. Animal de criação tradicional de fazenda à época. Mestiço de Boxer?


A criação Paraitinga foi base genética para diversas criações que estavam se iniciando, na década de 1950, inclusive para Paulo Santos Cruz. Cães originais!

É de se acreditar que, se voltasse no tempo, o nosso crítico vendo a cadela Chita de Paraitinga, diria se tratar de um cão mestiço. Lógico e previsível, para alguém que nunca adentrou o interior para conhecer os originais representantes da raça Fila, tendo convívio restrito com cães de canil. A reação mais esperada diante do desconhecido, tem sido ao longo do tempo, de classificar cães de tipo mais aborígene como mestiços. Ou classificar como mestiço, qualquer animal que não faz parte de sua convivência, do qual não conhece a origem.
O que estamos observando, e aprendendo com a convivência com cães absolutamente originais, é que entre as ninhadas, ocorre de nascerem alguns filhotes mais “cabeçudos”, com tipologia como da fotografia a seguir de Paulo Santos Cruz, com o cão Aritana, em 1980.


No meu novo livro, de 2018, à página 226 até a 236, comento sobre a síndrome da acusação de mestiçagem, iniciada em 1980. Uma forma de desqualificar os cães que pertencem a entidades que não se submetem a outras. Nestas páginas, mostro claramente como se cometeu injustiça a alguns criadores. Tudo que se não entendia, ou não pertencia ao clã, era mestiço.
Estaria Dr. Paulo confundindo mestiços de boxer com Fila Brasileiro em 1950? Não foi nestes cães que inspirou o texto do padrão racial que ele escreveu?
O que é mais provável: que Santos Cruz não conhecesse a raça Fila Brasileiro, e nem a raça Boxer, ou que os modernistas, não conhecem nenhuma das duas raças?
Acima, fotografia de 1980, da revista Cães e Cia, Santos Cruz com o cão Aritana.

É importante observar este cão da fotografia acima, que Santos Cruz escolheu para dar um recomeço à sua criação, em 1980, e se verá como o nosso cão original, classificado como mestiço de boxer, tem a mesma performance morfológica, de estrutura física, de cabeça, de focinho e de orelhas. Ao reestudar a situação da raça Fila nestes últimos 15 anos que dediquei para terminar escrevendo mais um livro, concluo que a raça Fila Brasileiro, na sua concepção original, é muito pouco estudada. Portanto pouco conhecida.
Logo que se criou o primeiro clube que iria aprimorar a raça, em 1978, pouco depois, Dr. Paulo se afastou das atividades, e o que se pode entender é que praticamente todos os criadores se engajaram em uma luta – muito válida – mas equivocada, com a hipótese de que o fila seria resultado do caldeamento entre raças inglesas. Ele que era o mestre, que tinha o convívio com a raça em sua concepção original, se afastando, o que ficou foi o equívoco de sua hipótese. Que passou a ser tratada como teoria.
E os novatos da época, a maioria de nós, embarcamos na canoa que derivou nas alterações que a raça sofreu, e a afasta de sua origem até hoje.
A seguir a fotografia estilizada em branco para ridicularizar o cão, como mestiço de boxer, e ao lado fotografia do cão que Santos Cruz escolheu para reiniciar o canil Parnapuan, em 1980.
Se separamos os cães em uma raça que denominamos ORIGINAL FILA BRASILEIRO, foi justamente para que se não os confunda com o Fila Brasileiro, uma raça com vários padrões (08 escritos ao longo da história).
Quem se julga grande entendedor do Fila Brasileiro, porque o viu nas cidades, desde que se registram cães para exposições, não pode criticar o OFB. Não o conhece, julga ser um mestiço de várias raças, ora de boxer, ora de Chiuaua, fica perdido, não entende nada.
Claro, estão disponíveis aí, fotografias de época, desde 1950. Mas os cães desta época são de forma desconcertante, diferentes dos cães das exposições. Então melhor não mostrar estas fotografias, esquecê-las. Melhor dizer que o FB evoluiu. Nunca aceitar que o alteraram, mexeram com ele.
Para estes, o ORIGINAL é o errado.